segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Breve Histórico da Literatura Infantil...

O ato de contar histórias é um costume antigo que deu origem a Literatura Infantil. Os contos populares eram contados oralmente por pessoas comuns em rodas de histórias; nessa época não havia o sentimento de infância, uma vez que as crianças eram tidas como “adultos em miniatura”, não existindo assim, uma literatura específica para elas (ARIÈS, 1978).
Na Europa durante o século XVII, foram publicadas as primeiras obras, a serem consideradas como literatura apropriada para crianças: as Fábulas, de La Fontaine, editada entre 1668 e 1694; As aventuras de Telêmaco, de Fénelon, em 1717; e Os Contos da Mamãe Gansa, de Charles Perrault, em 1697.   Já em meados do século XIX, surgem Os Irmãos Grimm e Hans Christian Andersen consagrando a literatura infantil com contos que se tornaram clássicos.
No Brasil, a produção e publicação de algumas obras literárias ocorreu no século XIX, com a implantação da Imprensa Régia por D. João VI, em 1808. A primeira obra lançada que repercutiu fortemente no ambiente escolar foi intitulada "Livro do Povo", escrito por Antônio Marques Rodrigues. Em 1921 surge Monteiro Lobato, marcando o inicio da literatura infantil brasileira. Seu projeto literário objetivava a renovação da Literatura brasileira, incorporando a oralidade nos textos através de “Dona Benta”, a grande contadora de histórias.


A Transversalidade na sala de aula

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997), “a transversalidade diz respeito à possibilidade de se estabelecer, na prática educativa, uma relação entre aprender na realidade e da realidade de conhecimentos teoricamente sistematizados (aprender sobre a realidade) e as questões da vida real (aprender na realidade e da realidade)”(p.31). Promove uma compreensão mais ampla dos diversos objetos de conhecimento, dando espaço para a inserção de saberes extra-escolares de forma significativa para os alunos.
A introdução dos Temas Transversais no universo escolar diz respeito a conteúdos de caráter social e cultural, que devem ser incluídos no currículo do Ensino Fundamental de forma a integrar os conteúdos das disciplinas escolares, com o propósito de promover o desenvolvimento global do indivíduo.
Lipman (1994) afirma que no mundo de hoje as crianças devem ser educadas para que possam “pensar por si mesmas”, com o intuito de reconstruir de forma crítica a sociedade na qual estão inseridas. O propósito não é instituir uma categoria de críticos, mas conceber seres humanos aptos a “avaliar o mundo e a si mesmos objetivamente e a se expressarem com fluência e criatividade” (p. 213). Sob essa ótica, o professor deve ser um “mediador” entre a sociedade e a criança. Não lhe cabe adaptá-las à sociedade, mas educá-las de forma a que, ao final, possam moldá-la para que esta responda melhor às preocupações coletivas.
A escola, além de instruir, deve também oferecer formação ética aos futuros cidadãos, trabalhar culturas tradicionais e conteúdos contextualizados, proporcionando condições físicas, psíquicas e culturais necessárias para à vida pessoal e social do aluno.


Os Contos de Fadas como recurso didático para abordar os Temas Transversais
            Atualmente diante do avanço tecnológico, a leitura e contação de histórias foi perdendo espaço para o rádio, a televisão e a internet. Nesse sentido, cabe à escola resgatar o valor destas histórias e utilizá-las em função da educação.
            A Literatura é uma das formas mais importantes que o homem dispõe para apropriar- se de conhecimento e expressá-lo. Os contos de fadas trabalham com o imaginário, com a emoção, satisfazendo a necessidade infantil do sonho e do prazer. Através desse tipo de literatura os processos internos da criança são externalizados e tornam-se compreensíveis, enquanto representados pelos personagens da estória e seus incidentes.
É próprio dos contos de fadas introduzirem um “dilema existencial” de forma resumida e contundente. Esse método possibilita à criança apreender o problema de maneira mais simples, pois “uma trama mais complexa confundiria as coisas para ela”. Os personagens são delineados de forma nítida sem muitos detalhes, e neles o bem, o mal, a ferocidade ou a benevolência altruísta se instalam. Os contos conduzem a criança na descoberta de sua “identidade” e aptidão e propõem as experiências que são imprescindíveis para formar o seu “caráter”(BETTELHEIM, 2007, p.14).
O uso dos contos de fadas como recurso didático para abordagem dos Temas Transversais desperta na criança o interesse pelo estudo dos conteúdos sugeridos, promovendo interações significativas e estimulando as habilidades de leitura e escrita. Auxiliando-os de maneira prazerosa na formação da capacidade construtiva e transformadora que os levará a superar conflitos e a exercer de fato a cidadania, aproximando e traçando um paralelo entre o saber da realidade e os conhecimentos que são adquiridos pelos conteúdos escolares.


Sugestão de Aula

Série: 3º ano
Duração: 5 aulas de aproximadamente 50 minutos
Tema Transversal: Inclusão Social
Conto: O Patinho Feio – Hans Christian Andersen

Objetivos:
- Trabalhar a questão da inclusão social abrangendo o máximo de tipos de diferenças que podem existir dentro e fora do contexto escolar: deficiência física, visual, negro, indígena, careca,alto, baixo, etc.
- Levar as crianças a enxergarem pessoas diferentes com naturalidade e respeito, mostrando que todos são diferentes de alguma forma;
- Trabalhar produção textual

Metodologia:
- Leitura do conto pela professora e roda de conversa abordando a questão da inclusão social e respeito às diferenças do outro;
            - Leitura do conto pelas crianças (cada uma lê um parágrafo) e exploração do vocabulário presente na história;
- Construção coletiva de um cartaz contendo o resumo da história, conduzindo as crianças a desenvolverem a capacidade de abstrair os pontos mais relevantes do conto. 
- Atividades xerocadas com questões discursivas: de interpretação do conto e explorando a questão das diferenças
- Produção de texto individual e leitura do mesmo para os colegas.


Referências:

BETTELHEIM, BRUNO. A psicanálise dos contos de fadas. Tradução de Arlene Caetano. .22 ed. São Paulo: Paz e Terra, 2007

BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais: apresentação dos temas transversais, ética / Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997 b. Disponível em: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/material>. Acesso em: 8 de março de 2010

LIPMAN, MATHEW; SHARP, ANN MARGARET; OSCANYAN, FRDERICK SHARP. A Filosofia na Sala de Aula. Tradução de Ana Luiza F. Falcone. São Paulo: Nova Alexandria, 1994.

VYGOTSKY, LEV SEMENOVICH. Pensamento e Linguagem. Tradução Jefferson Luiz Camargo. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998b.

ZILBERMAN, REGINA. A literatura infantil na escola. São Paulo: Global, 1981

Um comentário: