terça-feira, 30 de novembro de 2010

Explorando a transversalidade presente no conto
“O Patinho Feio”

“O patinho feio é um conto de fadas clássico, do dinamarquês Hans Christian Andersen, que perpetua sua magia até os dias de hoje. Tal conto chama a atenção para o fato de a temática da diferença ser um assunto questionado há muito tempo. Mesmo com um enfoque diferenciado das discussões feitas hoje em dia, podemos dizer que há muito que a diferença é pensada no mundo social e cultural.
Na história, o personagem central é um patinho que nasce diferente de seus irmãos, pois é um filhote de cisne chocado no ninho de uma pata. Por ser diferente de seus irmãos ele é perseguido, ofendido e maltratado por todos os patos. Sendo considerado feio por não ser igual aos demais, o que o deixa marginalizado em relação aos outros personagens da história. A diferença é acentuada pelo uso de cores que o distingue de sua família. Todos os irmãos do patinho apresentam cores mais claras, enquanto o patinho feio é sempre exibido com cores escuras.
Diante disso, durante o desenvolvimento da história, o patinho fica isolado, discriminado por ser diferente do grupo que estava inserido. Nesse contexto passa toda a história buscando encontrar um grupo com características semelhantes às suas, ou seja, busca uma identidade comum. A história se encerra quando o patinho descobre que é um cisne belo e vistoso, passando a ser aceito por todos desse novo grupo.
A história traz consigo questões preconceituosas, pois afasta a personagem do convívio com os demais devido à sua diferença, que não é aceita por estar fora dos padrões predeterminados pela sociedade na qual ele estava inserido; era aceito somente pelos seus semelhantes – os cisnes.”

Para saber mais:
Trecho tirado do texto: "Literatura Infantil: possibilidades de Leitura a respeito das diferenças" -

Trabalhando com Dobraduras
Cisne

                    

                    
      
     
Pato
                     

                                  
   
                                       
Fonte: origamei.multily.com/photos  
                                   Contando a História em Libras

Diferentemente das crianças ouvintes, que aprendem a Língua Portuguesa em casa, na interação com os familiares, a maior parte das crianças com deficiência auditiva só terão a oportunidade de aprendê-la na escola. Por não terem acesso à linguagem oral, geralmente são privadas de situações que as crianças ouvintes vivenciam diariamente e que respondem pela aquisição incidental do seu conhecimento, tais como conversas com a família e contação de história, entre outras.
Ler para crianças com deficiência auditiva, interpretando o conteúdo na Língua Brasileira de Sinais, é uma prática importante para despertar nelas a curiosidade e imaginação, como também para estimulá-las a refletir sobre temas complexos da experiência humana. Essa prática, se regular, faz com que os estudantes construam um repertório variado de textos.

Referência:
SÃO PAULO. Secretaria Municipal de Educação. Orientações curriculares e proposição de expectativas de aprendizagem para Educação Infantil e Ensino Fundamental : Língua Portuguesa para pessoa surda.  2008. Disponível em: <portalsme.prefeitura.sp.gov.br/ .../OrientaCurriculares_ExpectativasAprendizagem_Ednfantil_
EnsFund_LPO_Surdos>

“O Patinho Feio” em Libras 

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

CONTANDO A HISTÓRIA

O Patinho Feio



     Era uma vez ...

Uma patinha que teve quatro patinhos muito lindos, porém quando nasceu o último, a patinha exclamou espantada:
      - Meu Deus, que patinho tão feio!
Quando a mãe pata nadava com os filhos, todos os animais da quinta olhavam para eles:
     - Que pato tão grande e tão feio!
Os irmãos tinham vergonha dele e gritavam-lhe:
     - Vai-te embora porque é por tua causa que toda a gente está a olhar para nós!
Afastou-se tanto que deu por si na outra margem. De repente, ouviram-se uns tiros. O Patinho Feio observou como um bando de gansos se lançava em voo. O cão dos caçadores persegui-o furioso.
Conseguiu escapar do cão mas não tinha para onde ir, não deixava de andar. Finalmente o Inverno chegou. Os animais do bosque olhavam para ele cheios de pena.
     - Onde é que irá o Patinho Feio com este frio? Não parava de nevar. Escondeu-se debaixo de uns troncos e foi ali que uma velhinha com um cãozinho o encontrou.
    - Pobrezinho! Tão feio e tão magrinho!
E levou-o para casa.
Lá em casa, trataram muito bem dele. Todos, menos um gatinho cheio de ciúmes, que pensava: "Desde que este patucho está aqui, ninguém me liga".
Voltou a Primavera. A velha cansou-se dele, porque não servia para nada: não punha ovos e além disso comia muito, porque estava a ficar muito grande.
O gato então aproveitou a ocasião.
      - Vai-te embora! Não serves para nada!
A nadar chegou a um lago em que passeavam dois belos cisnes que olhavam para ele. O Patinho Feio pensou que o iriam enxotar. Muito assustado, ia esconder a cabeça entre as asas quando, ao ver-se reflectido na água, viu, nada mais nada menos, do que um belo cisne que não era outro senão ele próprio.
Os cisnes desataram a voar e o Patinho Feio fugiu atrás deles.
Quando passou por cima da sua antiga quinta, os patinhos, seus irmãos, olharam para eles e exclamaram:
       - Que cisnes tão lindos!
                                                                         Adaptação de um conto de Hans Christian Andersen
                                                                         Fonte: http://www.metaforas.com.br/
Breve Histórico da Literatura Infantil...

O ato de contar histórias é um costume antigo que deu origem a Literatura Infantil. Os contos populares eram contados oralmente por pessoas comuns em rodas de histórias; nessa época não havia o sentimento de infância, uma vez que as crianças eram tidas como “adultos em miniatura”, não existindo assim, uma literatura específica para elas (ARIÈS, 1978).
Na Europa durante o século XVII, foram publicadas as primeiras obras, a serem consideradas como literatura apropriada para crianças: as Fábulas, de La Fontaine, editada entre 1668 e 1694; As aventuras de Telêmaco, de Fénelon, em 1717; e Os Contos da Mamãe Gansa, de Charles Perrault, em 1697.   Já em meados do século XIX, surgem Os Irmãos Grimm e Hans Christian Andersen consagrando a literatura infantil com contos que se tornaram clássicos.
No Brasil, a produção e publicação de algumas obras literárias ocorreu no século XIX, com a implantação da Imprensa Régia por D. João VI, em 1808. A primeira obra lançada que repercutiu fortemente no ambiente escolar foi intitulada "Livro do Povo", escrito por Antônio Marques Rodrigues. Em 1921 surge Monteiro Lobato, marcando o inicio da literatura infantil brasileira. Seu projeto literário objetivava a renovação da Literatura brasileira, incorporando a oralidade nos textos através de “Dona Benta”, a grande contadora de histórias.


A Transversalidade na sala de aula

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997), “a transversalidade diz respeito à possibilidade de se estabelecer, na prática educativa, uma relação entre aprender na realidade e da realidade de conhecimentos teoricamente sistematizados (aprender sobre a realidade) e as questões da vida real (aprender na realidade e da realidade)”(p.31). Promove uma compreensão mais ampla dos diversos objetos de conhecimento, dando espaço para a inserção de saberes extra-escolares de forma significativa para os alunos.
A introdução dos Temas Transversais no universo escolar diz respeito a conteúdos de caráter social e cultural, que devem ser incluídos no currículo do Ensino Fundamental de forma a integrar os conteúdos das disciplinas escolares, com o propósito de promover o desenvolvimento global do indivíduo.
Lipman (1994) afirma que no mundo de hoje as crianças devem ser educadas para que possam “pensar por si mesmas”, com o intuito de reconstruir de forma crítica a sociedade na qual estão inseridas. O propósito não é instituir uma categoria de críticos, mas conceber seres humanos aptos a “avaliar o mundo e a si mesmos objetivamente e a se expressarem com fluência e criatividade” (p. 213). Sob essa ótica, o professor deve ser um “mediador” entre a sociedade e a criança. Não lhe cabe adaptá-las à sociedade, mas educá-las de forma a que, ao final, possam moldá-la para que esta responda melhor às preocupações coletivas.
A escola, além de instruir, deve também oferecer formação ética aos futuros cidadãos, trabalhar culturas tradicionais e conteúdos contextualizados, proporcionando condições físicas, psíquicas e culturais necessárias para à vida pessoal e social do aluno.


Os Contos de Fadas como recurso didático para abordar os Temas Transversais
            Atualmente diante do avanço tecnológico, a leitura e contação de histórias foi perdendo espaço para o rádio, a televisão e a internet. Nesse sentido, cabe à escola resgatar o valor destas histórias e utilizá-las em função da educação.
            A Literatura é uma das formas mais importantes que o homem dispõe para apropriar- se de conhecimento e expressá-lo. Os contos de fadas trabalham com o imaginário, com a emoção, satisfazendo a necessidade infantil do sonho e do prazer. Através desse tipo de literatura os processos internos da criança são externalizados e tornam-se compreensíveis, enquanto representados pelos personagens da estória e seus incidentes.
É próprio dos contos de fadas introduzirem um “dilema existencial” de forma resumida e contundente. Esse método possibilita à criança apreender o problema de maneira mais simples, pois “uma trama mais complexa confundiria as coisas para ela”. Os personagens são delineados de forma nítida sem muitos detalhes, e neles o bem, o mal, a ferocidade ou a benevolência altruísta se instalam. Os contos conduzem a criança na descoberta de sua “identidade” e aptidão e propõem as experiências que são imprescindíveis para formar o seu “caráter”(BETTELHEIM, 2007, p.14).
O uso dos contos de fadas como recurso didático para abordagem dos Temas Transversais desperta na criança o interesse pelo estudo dos conteúdos sugeridos, promovendo interações significativas e estimulando as habilidades de leitura e escrita. Auxiliando-os de maneira prazerosa na formação da capacidade construtiva e transformadora que os levará a superar conflitos e a exercer de fato a cidadania, aproximando e traçando um paralelo entre o saber da realidade e os conhecimentos que são adquiridos pelos conteúdos escolares.


Sugestão de Aula

Série: 3º ano
Duração: 5 aulas de aproximadamente 50 minutos
Tema Transversal: Inclusão Social
Conto: O Patinho Feio – Hans Christian Andersen

Objetivos:
- Trabalhar a questão da inclusão social abrangendo o máximo de tipos de diferenças que podem existir dentro e fora do contexto escolar: deficiência física, visual, negro, indígena, careca,alto, baixo, etc.
- Levar as crianças a enxergarem pessoas diferentes com naturalidade e respeito, mostrando que todos são diferentes de alguma forma;
- Trabalhar produção textual

Metodologia:
- Leitura do conto pela professora e roda de conversa abordando a questão da inclusão social e respeito às diferenças do outro;
            - Leitura do conto pelas crianças (cada uma lê um parágrafo) e exploração do vocabulário presente na história;
- Construção coletiva de um cartaz contendo o resumo da história, conduzindo as crianças a desenvolverem a capacidade de abstrair os pontos mais relevantes do conto. 
- Atividades xerocadas com questões discursivas: de interpretação do conto e explorando a questão das diferenças
- Produção de texto individual e leitura do mesmo para os colegas.


Referências:

BETTELHEIM, BRUNO. A psicanálise dos contos de fadas. Tradução de Arlene Caetano. .22 ed. São Paulo: Paz e Terra, 2007

BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais: apresentação dos temas transversais, ética / Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997 b. Disponível em: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/material>. Acesso em: 8 de março de 2010

LIPMAN, MATHEW; SHARP, ANN MARGARET; OSCANYAN, FRDERICK SHARP. A Filosofia na Sala de Aula. Tradução de Ana Luiza F. Falcone. São Paulo: Nova Alexandria, 1994.

VYGOTSKY, LEV SEMENOVICH. Pensamento e Linguagem. Tradução Jefferson Luiz Camargo. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998b.

ZILBERMAN, REGINA. A literatura infantil na escola. São Paulo: Global, 1981